Narrador-testemunha 6d705w

Mestra em Literatura e Crítica Literária (PUC-SP, 2012) Graduada em Letras (PUC-SP, 2008) 23462

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O narrador testemunha é um dos personagens inseridos na história, mas ele não é o principal. Esta categoria de narrador analisa tudo o que acontece e conta a história em primeira pessoa. Ele vivencia os fatos, mas como não é o protagonista, sua narrativa apresenta uma visão secundária.

O termo testemunha designa aquele que assiste algo, ou seja, que tem a capacidade de dar o seu testemunho em forma de depoimento. A tarefa do narrador é dar o seu testemunho dos fatos e ações que vê, sendo eles verídicos ou modificados pela voz narrativa a fim de que o leitor acredite no seu depoimento.

Assim como o narrador protagonista, a narradora testemunha narra os acontecimentos partindo do seu ponto vista , individual e parcial porque ele não sabe o que ocorre na intimidade das personagens, quais são os seus pensamentos, sentimentos e emoções. O máximo de informação privilegiada que ele consegue ter se dá pelo o às correspondências ou aos documentos íntimos, isso permite ao narrador estabelecer deduções ou levantar possibilidades que justifiquem coisas que acontecem na trama.

Ainda que não atue como personagem principal da narrativa, a testemunha faz parte da história ao vivenciar e poder observar de perto todas as ações que acontecem em cada cena no decorrer do enredo. Depois de presenciar os acontecimentos o narrar dá o seu depoimento sobre o que foi visto, ouvido e percebido.

Uma das características primordiais do narrador testemunha é manifestar o seu parecer sobre como o leitor deve se posicionar em cada parte da história, devendo se distanciar em alguns pontos da narração e se aproximar da matéria narrada em outros pontos. Esse movimento duplo de distanciamento e aproximação a que o narrador conduz o leitor é mais um artifício de narrativas homodiegéticas, isto é, narrada por um dos personagens, mas não o protagonista.

A testemunha tenta mostrar que sua postura é imparcial e impessoal, mas a sua narração é permeada pela subjetividade na escolha das informações a serem contadas já que o uso do foco narrativo em primeira pessoa permite ao leitor duvidar se o relato desse tipo de narrador está completamente livre das interferências pessoais.

No que se refere ao tempo narrado, ele é muito mais cronológico pois a preocupação do narrador é contar como os fatos sucedem evento após evento e, portanto, o tempo psicológico é pouco contemplado ou nem abordado porque a testemunha, muitas vezes, só tem o ao seu estado de espírito não podendo relatar a temporalidade psicológica que rege os demais personagens.

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Arquivado em: Redação
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